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Interpretação de enunciados (1)

   Saudações aos estudantes,

   Começamos, hoje, a trabalhar um assunto muito explorado em provas de concurso público: a interpretação de textos
     Inicialmente, é importante que você saiba, caro estudante, que há dois tipos de conhecimentos igualmente importantes para a interpretação de qualquer enunciado: o conhecimento linguístico e o de mundo. O primeiro deve (ou deveria) ser oferecido ao longo dos anos de nossas vidas basicamente através das aulas de Língua Portuguesa. Não desmerecendo os falares típicos de cada região, as gírias, as expressões, os jargões, a norma culta deve ser priorizada, já que é ela que vai ser exigida em sua formação intelectual e profissional. O segundo estabelece-se a partir das relações sociais que temos uns com os outros. Em outras palavras, cada ser humano traz uma "bagagem" que, no tempo certo, deve ser explorada na interpretação dos enunciados. 
   Vamos trabalhar, de modo especial, o conhecimento linguístico. É preciso, antes de tudo, diferenciar intelecção de interpretação.

     1 - Intelecção - Consiste em analisar o que realmente está escrito, ou seja, coletar dados do texto. É comum bancas de concurso trazerem questões com os seguintes enunciados: O autor afirma, sugere, diz, salienta que; segundo o texto acima não é correto/errado...
   Colocaremos, como exemplo, uma questão que explora a intelecção. Observe:

   "O homem se tornou lobo para o homem, porque a meta do desenvolvimento industrial está concentrada num objeto e não no ser humano. A tecnologia e a própria  ciência não respeitaram os valores éticos e, por isso, não tiveram respeito algum para o humanismo. Para a convivência. Para o sentido mesmo da existência.
    Na própria política, o que contou no pós-guerra foi o êxito econômico e, muito pouco, a justiça social e o cultivo da verdadeira imagem do homem. Fomos vítimas da ganância e da máquina. Das cifras. E, assim, perdemos o sentido autêntico da confiança, da fé, do amor. As máquinas andaram por cima da plantinha sempre tenra da esperança. E foi o caos".

                                    [ARNS, Paulo Evaristo. Em favor do homem. Rio de Janeiro: Avenir, s/d. p.10]

    De acordo com o texto, pode-se afirmar que:
    A - (   ) a industrialização, embora respeite os valores éticos, não visa ao homem;
    B - (   ) a confiança, a fé, a ganância e o amor se impõem para uma convivência possível;
    C - (   ) a política do pós-guerra eliminou totalmente a esperança entre os homens;
    D - (   ) o sentido da existência encontra-se instalado no êxito econômico e no conforto;
    E - (   ) O desenvolvimento tecnológico e científico não respeitou o humanismo.

    Comentários:

  Como podemos perceber, todos os dados de que necessitamos para uma boa intelecção estão presentes no texto. Vamos comentar cada opção. A letra A afirma que a industrialização respeita os valores éticos, mas isto é falacioso. Na segunda linha, diz que a tecnologia e ciência (características marcantes do desenvolvimento econômico) não respeitaram os valores éticos. A letra B também também não é a opção verdadeira, já que o próprio texto deixa claro que nós "perdemos o sentido autêntico da confiança, da fé, do amor". Note que ainda acrescenta a ganância entre tais valores! A letra C não é a opção verdadeira, pois o texto, claramente, diz que a política do pós-guerra não eliminou tudo, pois sobraram a justiça social e o cultivo da verdadeira imagem do homem, ainda que muito pouco dessas coisas! A letra D também não é verdadeira, pois logo nas primeira linhas, é afirmado que a tecnologia e a própria ciência não tiveram...respeito algum para o humanismo. Resta-nos a letra E, que é a opção verdadeira. O texto, logo no início, deixa claro que o desenvolvimento tecnológico e científico não respeitou o humanismo. Aliás, já havíamos comentado isso quando discutimos o erro da letra D.

   Resposta correta: letra E.

  Trabalhamos, hoje, uma questão de intelecção. Na próxima postagem, analisaremos a interpretação de texto e, adiante, colocaremos questões para que você, caro estudante, possa fazer uso destas ferramentas.

   Abraços fraternos,

   Professor Rogério Brambila de Carvalho.

























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